quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Sr.F e a caverna

Ao som de: I'm through with Love.



Sr.F estava á passeio, Em suas férias decidiu ir viajar e em seu caminho uma caverna encontrou. De tanto caminhar sentia a fadiga lhe exaurir até os pensamentos, foi até lá descansar, Sentou-se, aconchegou-se e então de repente ouviu algo, a principio pensou ser algum ruído vindo de um animal qualquer que estivesse naquela caverna Não se arriscou a chegar mais perto. Mas o som aumentou, Sr.F reconheceu, era uma voz humana. Parecia a voz de uma mulher. Não se ouvia outra voz, só a dela, estaria falando sozinha a pessoa?

Sr.F então se encorajou a dar alguns passos, agora ele conseguia discernir, era mesmo uma mulher e ela não falava, cantava.

"I'm through with love
I'll never fall again
Said adieu to love
Don't ever call again
For I must have you or no one
And so I'm thru with love"


Sr.F – Tem alguém aí?
- Se não tivesses então tu terias que ligar urgente para seu psiquiatra.
Sr.F – De quem é esta voz que me encanta com o seu canto?
- Esperavas mais de ti... Me encanta com o seu canto?
Sr.F – Mora aqui?
- Vivo aqui
Sr.F – O que fazer aqui?
- E por que eu preciso fazer algo? Aliás, que algo eu poderia fazer?
Sr.F – Por que não aparece aqui para que eu possa vê-la?
- Não é necessário, acredite.
Sr.F – Sua voz me é familiar.
(a mulher então se põe a dar altas gargalhadas) hahahaha, você tem razão.
- Vimos-nos algumas vezes, mas já há muito tempo você parece ter desistido de procurar-me.
Sr.F – Mas...Como? Se nem sei quem é você, seu nome, onde mora.
(ainda rindo) – Bom meu caro, admito que tu tenhas razão. Se tentasses nunca conseguiria achar-me, nossos encontros sempre foram tão naturais, casuais... É uma pena que sejas tão blasé, ou que assim tentes ser.
Sr.F – Começo a me lembrar de você. Achei que não te veria mais, sinceramente.
- Eu poderia dizer agora que tu não tenhas nenhuma perseverança, que é pessimista, seria fácil e tu provavelmente não deixarias de admitir.
Mas na verdade tenho que aproveitar este momento para lhe dizer o recado que tinha que lhe dar.
Sr.F – Pois diga. Estou ansioso.
-Talvez tu não estejas errado e talvez tu tenhas que se acostumar com isso, mas, se um dia voltar a me achar, não deixa que eu suma que eu fuja. Pode ser a última vez que me veja.
Sr.F – Pois então não deixarei.

Sr.F começa a voltar pelo caminho que veio e então ouve a tal pessoa voltar a cantar e a acompanha:

“ I'm through with love
I'll never fall again
Said adieu to love
Don't ever call again
For I must have you or no one
And so I'm thru with love”

Sobre o Texto

A música que faz parte deste post se chama I'm Through with love originalmente cantada por Marilyn Monroe em "Quanto mais quente melhor" e depois cantada por Woody Allen e Edward Norton em "Todos dizem eu te amo".

Link com Marilym Monroe cantando: M.Monroe.

Link para Woody Allen cantando: Woody Allen.

Sobre o sujeito oculto no texto prefiro que cada um interprete a sua maneira

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Sr.F e o Lar

Ao som de Mother, Pink Floyd e de Sweet Home Alabama, Lynyrd Skynyrd



________________________________Lar
A casa, a família, o cachorro, a amiga,
Lar
Se eu pudesse, se conseguisse viveria sozinho
Mas a solidão devora e assusta,
Sozinho, não solitário?
____________Lar
Aonde sessenta quilômetros se tornam mais próximos do que seis passos,
O morno afago importa mais que complicadas fechaduras
______________________________________________________Lar
Porque não preciso tatear quando acordo assustado
E se ficar cego não tropeçarei
_________________Lar
A poesia nunca será boba e fútil aqui, ou lá,
Não preciso nomear nem mensurar distância,
Se não houvesse porque dar satisfação ao carteiro seria sempre aqui
______Lar
Mais de um sim,
E por que não?
_____________________Lar
Centenas de parentes,
Sofá, tio, cortina e gato,
Irmã, televisão, cartão de natal e padrasto,
Cheiro de incenso, Chet Baker, Frank Zappa,
o travesseiro molhado de lágrimas,
O cheiro do conhecido.

Sobre o texto

Este é um texto "acidental", ocorreu bem ao acaso mesmo, sem a inten~ção que mais tarde se tornasse um post.


Tive que colocar uns traços á esquerda da palavra Lar porque no texto original esta palavra está espalhada, aleatória no texto e o unico modo de ser fiel ao texto original foi dando estes espaços pois o blogspot queria "corrigir" meu texto...Maldido pós-moderismo...

Bom, espero que gostem.

domingo, 2 de agosto de 2009

Você e outras poesias

Ao som de Ooh La La - The Faces , ou Everybody's Gotta Learn Sometime do Beck



Fim da tarde, sol se pondo, Sr.F caminhado na sua volta para casa encontra uma amiga sentada em um banco de uma praça, segurando um girassol em uma das mãos e apoiando um caderno nas pernas que estão cruzadas, os óculos escuros escondem o que seus olhos procuram:


Sr.F – O que te trazes á praça a esta hora?

Srta.L – Oi! Ah, eu estava tentando escrever uma poesia

Sr.F – Bonita flor

Srta.L – É, eu estava vendo se ela me trazia inspiração... Não estou tendo muito sucesso nesta Minha... Missão (sorri levemente)

Sr.F – Missão? Estranha a maneira como tratas algo que deveria ser prazeroso

Srta.L – Antes que meu corpo desvaneça,
Ou minha mente se esgote e de lembranças eu só tenha meu ultimo suspiro,
Um verso rematado, uma estrofe elegante construirei,
Uma sublime poesia terei

Sr.F - Leia, escreva e então terás sua poesia

Srta.L - Para você é algo simplório, mas por mais incrível que te possa parecer; para mim está
sendo uma tarefa obscura, inglória

Sr.F - Não faça da poesia uma tarefa ou missão, naturalmente a terá.

Srta.L - Você tem facilidade para isso, nasceu poeta.

Sr.F - A poesia não é um dom, a poesia escolhe os corajosos, não os virtuosos à ventura

Srta. L - Eu queria saber o que eu sei agora; quando eu era mais nova;
Srta. L - É que não consigo achar as palavras certas sabe? Isto me desanima, acho que estou
Fazendo tudo errado.

Sr.F - Não procures palavras, são elas que tem que te procurar, a rigor não existem
sinônimos, não desejes rimas nem pretendas versos perfeitos

Sr. F - Não precisas ser um poeta para fazer poesia, o papel se contentará em ter seu
sentimento expresso nele

Srta. L – Sentimentos e emoções não me faltam,
As tantas lágrimas que derramei me fariam escrever epopéias,
No entanto minha mente e sua fadiga torturam-me;

Srta. L - Sinto... Que cada vez mais eu fico sem assunto,
Não sei se é preguiça de falar, de escrever, ou preguiça das pessoas.
Eu queria saber o que eu sei agora; quando eu era mais forte;

Sr.F - Não percebestes mas esteve fazendo poesia em todo este momento

Sr.F - Achar que poesia somente é construída à base de galantes palavras, é subestimar a
Poesia

Srta.L - Humm...Pois acho que você é mais um fruto da minha perspicaz capacidade de
enganar as pessoas, amigo, sinto muito te decepcionar, mas sou uma fraude

Sr.F - Não é a mim que você deve desculpas e sim a si mesma

Sr.F - Não me entristece ver que sua poesia é ruim, me entristece ver que não acreditas que
possa fazer uma

E assim Sr.F se despede de sua amiga e ruma em direção a sua casa. No outro dia fazendo o mesmo percurso , no mesmo banco onde sua amiga estava sentada no dia anterior, Sr.F vê um bilhete, seguro por um girassol, ele o pega para ler então:

“ Razão você teve, prodígio não sou, nem quero ser;
Se algo importante quero fazer, talvez seja para permanecer,
Mas se assim fizer, lembrada serei por quem?

Não preciso de elogios oportunos e muito menos de falsidades,
A estes lhes desejo que nunca vejam estes versos
A quem quero que este poema agrade não contará palavras, ou linhas,
Nem se importará com a perfeição de uma rima ou a forma de uma estrofe,

Eu não me importarei.”






Obrigado,
Consegui!

Sobre o texto

Este texto dedico a minha amiga Leticia e as nossas conversas (virtuais e reais), afinal elas foram a base deste conto.

Assim é Leticia, não uma fraude, uma falsa anti-social, falsa antipática e falsa não-poetisa, que tem mais vocação para escrever do que imagina.

Mas a Srta.L. não foi feita só de Leticia, de certa forma tem algo de mim e de outras pessoas, de fato acho que mais pessoas se identificarão com ela.

O título tirei de um livro que tenho aqui em casa que se chama " Eu e outras poesias" , de Augusto dos Anjos.

Com este conto espero conseguir voltar de vez a "blogosfera" , lugar por onde estive quase ausente este ano. Espero que tenham gostado

domingo, 23 de novembro de 2008

Tempos Futuros - Parte 2 (final)

Parte 1
Para entender esta parte final é preciso ler a parte 1 (Por favor, tenham paciência, ouçam Pink Floyd, acendam um incenso e aproveitem a viagem)




Ao som de Future Times - Yes ou de Echoes - Pink Floyd


Sr.F pela primeira tenta raciocinar, não vai gastar seu tempo na procura de pequenas respostas vai a caça da razão de tudo, esperando que haja uma única resposta para isso. Sr.F anda lentamente pela cidade, entra no que antes parece ter sido uma avenida. Está deserta, não há ninguém na avenida até onde a vista de Sr.F alcança e ele ainda anda. Do chão da rua brotam pequenos gêiseres com gases da cor da nevoa.

Aos poucos Sr.F percebe que não está tão só, é possível ver pessoas o observando pelas frestas das janelas que estão parcialmente fechadas, a principio Sr.F tenta não reparar a estas pessoas até que a sua esquerda algo lhe chama mais a atenção: Dentro de uma casa simples e quase arruinada, com janelas de madeira, Sr.F vê um par de olhos verdes o seguindo. Sem saber onde estava Sr.F decide tentar alguma informação com aquela pessoa.

A porta range como em um filme de terror, o chão também de madeira parece que vai ceder a cada passo lento de Sr.F. Ele ouve uma pessoa se aproximar, pára. A pessoa também parece ter parado, ninguém reage, é possível se ouvir o silêncio.

Sr.F ouve um ruído vindo de sua esquerda onde somente há um espelho. A imagem que estava embaçada vai se clareando, Sr.F percebe que a figura refletida lhe é conhecida, muito conhecida alias. Ele vê sua imagem no espelho, mas não é apenas a sua reprodução, há algo diferente, no espelho Sr.F está envelhecido, pálido, de aspecto sorumbático. È uma visão de um futuro sombrio, nublado; Sr.F quer acreditar que aquele reflexo ali não é o seu. Chega mais perto, força a vista, agora a imagem mudou talvez aquele reflexo realmente não o represente.

Não há apenas uma figura agora, vários pontos negros se multiplicam no espelho. Eles se juntam se misturam e formam outros pontos maiores, isso se repete algumas vezes até que Sr.F percebe que não são figuras aleatórias, rapidamente ele as reconhece, são seus parentes, são seus amigos mas uma coisa lhe incomoda...

Eles não têm rosto, há uma mancha negra sobre suas cabeças, somente um vulto...E Sr.F começa a entrar em desespero porque começa a esquecer como era a face destas conhecidas pessoas, era como se ele estivesse esquecendo-as. Os pontos se juntam e o espelho fica negro, quebra lançando estilhaços em Sr.F, mas não o machucam caem no chão e se desmancham.

Sr.F nem tem tempo para pensar nisso pois ouve um ruído, parece vir do quarto a sua direita, ele vira rápido e vê alguém lá entrando. Andando com receio ele adentra o quarto, uma mulher está no centro dele, como que o aguardando, está escuro mas uma luz vindo do chão a ilumina, cabelos ruivos, olhos verdes hipnotizantes, os dois ficam parados lá por alguns segundos até Sr.F dizer:

Sr.F – Porque me trouxe até aqui?

Mulher – Foi você quem veio, eu não te trouxe, ninguém te trouxe.

Sr.F – Onde estão todos, onde eu estou?

Mulher – No lugar que você quis estar, com quem você quer estar.

Sr.F – Porque eu ia querer estar aqui? E não te conheço ao menos para querer estar contigo.

Mulher – Não responda pela imagem que você vê, sim pelo o que ela representa

Sr.F tenta então se aproximar da mulher que recua e estende o braço esquerdo, Sr.F retribui, as mãos deles se tocam, Sr.F é surpreendido por uma espécie de choque, algo que o joga para traz e muito forte, parece que ele vai bater na parede, se abre algo na parede, como se fosse um buraco negro mas de lá vem brilho, intensidade e mistério.

Sr.F fecha os olhos...Tem medo de abri-los, pensa, respira, sente....Começa a tatear com a mão o que está a seu redor, reconhece, abre os olhos. Está em seu quarto novamente, parece que nada mudou desde aquele momento em que Sr.F foi dormir depois de um estafante dia de serviço a não ser o fato de que já se passaram sete horas e Sr.F já tem que se aprontar para ir trabalhar.

Sr.F parece um paciente recém anestesiado, confuso ele anda pelas ruas observando cada detalhe, olhando para todas as pessoas que consegue. Chega ao local de trabalho, a mecânica da rotina o faz esquecer um pouco tudo o que aconteceu e Sr.F tenta se convencer que tudo não passou de um sonho.

Um colega o chama:

Colega – Que barulho é esse hein?

Sr.F - Qual barulho?

Colega – Venha aqui

Sr.F se dirige até a sala onde está seu colega que aponta para cima

Colega - Está ouvindo?

E Sr.F se concentra, e ouve:

- “tinc...Ping....Bling...tinc